Escritores e intelectuais líbios denunciaram nesta
segunda-feira que os serviços de segurança do leste do país confiscaram dezenas
de livros considerados “eróticos” ou contra o Islã, entre eles obras do
brasileiro Paulo Coelho. Entre os livros apreendidos, em árabe e importados do
Egito, também há textos do filósofo alemão Friedrich Nietzsche, do romancista
americano Dan Brown e do egípcio Naguib Mahfuz, prêmio Nobel de Literatura.
Os escritores publicaram um comunicado de protesto depois
da difusão, no fim de semana, de um vídeo da direção de segurança da cidade de
Al Marjmostrando os livros sendo colocados em um caminhão. No vídeo, um
chefe de segurança e religiosos da cidade denunciam uma “invasão cultural” com
livros sobre o xiismo, o cristianismo ou bruxaria, assim como romances com
trechos eróticos e contrários aos preceitos do Islã sunita, praticado no país.
Os escritores, entre eles Azza Maghur, Idriss Al Tayeb e
Radhuan Bushwisha, denunciaram a apreensão de livros, “uma tentativa de
amordaçar as vozes e confiscar a liberdade de opinião e de pensamento”. Em seu
perfil no Twitter, Paulo Coelho afirmou que procurou a embaixada brasileira na
Líbia e que há pouco que o órgão pode fazer. “Mas eu não posso apenas ficar
sentado vendo os meus livros serem queimados”, escreveu.
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