Presos da maior cadeia do Rio Grande do Norte se
rebelaram neste sábado, 14, invadiram o depósito de armas e expulsaram os
agentes da penitenciária. Os detentos cortaram a luz e a Polícia Militar cercou
a prisão na tentativa de evitar uma fuga em massa. Até as 21 horas, pelo menos
dez presos haviam sido mortos, segundo o governo estadual, e a PM não havia
conseguido controlar o motim.
A rebelião é mais um capítulo da guerra entre facções
criminosas dentro de presídios, que ganhou força na virada do ano com a morte
de 56 presos no Complexo Penitenciário Anísio Jobim, em Manaus, e, cinco dias
depois, a matança de 31 detentos na Penitenciária Agrícola de Monte Cristo
(PAMC), em Boa Vista, Roraima.
Na Penitenciária Estadual de Alcaçuz, em Nísia Floresta,
cidade próxima à capital Natal, trata-se de uma disputa entre o Primeiro
Comando da Capital (PCC) e o Sindicato do Crime RN, facção aliada à Família do
Norte (FDN) e ao Comando Vermelho (CV). Em Manaus, presos da FDN mataram rivais
do PCC e em Roraima, o massacre foi uma vingança. Na cadeia de Alcaçuz, a rebelião começou por volta das
16h30 deste sábado. Segundo Wellington Camilo da Silva, major da Polícia
Militar, os detentos invadiram uma sala do presídio onde eram guardados os
armamentos e tomaram conta da prisão. Os rebelados cortaram a energia do local,
dificultando a visão e a atuação da polícia.
“Neste momento não há condições de a polícia entrar no
local. São mais de mil presos, todos fora de suas celas e alguns deles armados.
O que estamos fazendo agora é uma ação para evitar uma fuga em massa desses
presos”, disse Silva. Segundo ele, há informações de que presos foram
mutilados, como nos dois massacres deste ano. “É uma rebelião no estilo do que
ocorreu em Manaus no início do ano”, disse. Ainda de acordo com Silva, familiares dos presos estão no
local em busca de informação, mas foram isolados do presídio por causa do risco
de fuga.
Maior penitenciária do Rio Grande do Norte, Alcaçuz tem
cerca de 1.150 presos em um espaço com capacidade total para 620. O governo
criou um grupo de gerenciamento de crise para acompanhar a rebelião com
integrantes de todas as forças de segurança do Estado e Ministério Público. O
grupo trabalhará em regime de plantão para tentar reverter a situação de
descontrole do sistema prisional.
Resistência
O Sindicato RN faz parte de um novo fenômeno que
autoridades do Norte e Nordeste vêm enfrentando. São criminosos que se uniram
em resistência ao crescimento do PCC de São Paulo em seus Estados. O PCC atua
no Rio Grande do Norte desde 2010 e o Ministério Público Estadual estima que
tenha entre 200 e 300 integrantes nos presídios do Estado. Entre julho e agosto de 2016, o Sindicato foi apontado
como responsável por 108 ataques, em 38 cidades, contra a instalação de
bloqueadores de celular nas penitenciárias. As autoridades estimam que a facção
tenha ao menos mil integrantes.
estadao
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