A partir das 9h desta quinta-feira (2) a Câmara
escolherá, em escrutínio secreto, o deputado federal que comandará a Casa pelos
próximos dois anos, até janeiro de 2019. O favorito é o atual ocupante da cadeira, Rodrigo Maia
(DEM-RJ), mas há até agora quatro concorrentes, três deles também de partidos
da base de apoio a Michel Temer. Embora a disputa desperte pouquíssimo interesse popular,
a definição resulta em um impacto não desprezível no dia a dia da população. Em primeiro lugar, o presidente da Câmara tem um grande
poder de decidir quais projetos irão de fato à votação durante o seu mandato e,
principalmente, qual será o ritmo de análise de determinados temas. Ou seja, apesar das fortíssimas pressões internas e de
outros poderes que ele sofre, sua caneta acelera votações de projetos ou, em
linha oposta, joga-os indefinidamente na gaveta.
De perfil conservador e com fortes ligações empresariais,
coube ao ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ), por exemplo, levar à
votação temas como a regulamentação
das terceirizações no país, a redução
da maioridade penal, ambos em análise no Senado, e uma série de projetos de
endurecimento do Código Penal. Projetos defendidos pela esquerda, por outro lado,
tiveram tramitação quase nula nos pouco mais de 15 meses de gestão (fevereiro
de 2015 a maio de 2016) de Cunha. Essa realidade seria certamente diversa caso o então
governo de Dilma Rousseff tivesse conseguido derrotar o peemedebista e eleger o
aliado Arlindo Chinaglia (PT-SP) para o comando da Câmara em fevereiro de 2015. Esse raciocínio se aplica a outra das atribuições de um
presidente da Câmara, a de autorizar o prosseguimento de eventual pedido de
impeachment contra o presidente da República.
Adversário do governo e após o fracasso de uma negociação
com o Planalto e o PT para livrá-lo da cassação, Cunha deu
aval ao pedido contra Dilma em
dezembro de 2015. A petista contaria, naturalmente, com importante trunfo
caso decisão crucial para sua permanência no cargo estivesse nas mãos do
correligionário Chinaglia. Com a saída de Dilma, a cadeira de presidente da Câmara
terá também a importância elevada em 2017 e 2018. O seu ocupante é, nesses dois
anos, o primeiro na linha sucessória da Presidência da República.
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