A pré-candidata à presidência da República pela Rede
Sustentabilidade, Marina Silva, afirmou que a sociedade brasileira deveria
fazer um favor ao PT, PSDB, MDB e DEM, concedendo-lhes quatro anos sabáticos,
para que o País possa, em novas bases, "dar um passo à frente".
Segundo ela, esses partidos "precisam de quatro anos
sabáticos para se reencontrar com as bases e reler seus programas".
"São partidos que deram grande contribuição para a sociedade, mas se
perderam no projeto de poder pelo poder, da eleição pela eleição. Deixaram de
discutir os rumos da nação", avaliou em entrevista ao programa Café com
Política da Rádio Super Notícia FM, de Belo Horizonte (MG), neste sábado (27).
Ela ainda comentou a condenação em segunda instância do
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no caso do tríplex do Guarujá na
última semana, dizendo que vivemos um momento delicado da história política do
País. "É a primeira vez que um ex-presidente da República é condenado. A
situação exige, das lideranças políticas e da sociedade de um modo geral, uma
atitude de respeito às instituições, compreendendo que seja assegurado o
direito de ampla defesa. A própria Justiça dispõe de mecanismos internos de
revisão de suas decisões."
Marina disse que tem de se aproveitar esse momento para
acabar com o foro privilegiado, citando o senador Aécio Neves e dizendo que não
se pode ter "dois pesos e duas medidas". "Temos situações com
mais de 200 parlamentares que estão igualmente sendo investigados e não estão
sendo punidos por terem o poder de fazer o auto-julgamento. Veja o que
aconteceu no caso do senador Aécio Neves, a quem o Supremo devolveu, para os
seus pares, a prerrogativa de julgá-lo", lembrou. "Precisamos de uma
situação em que haja equidade: aqueles que poderão concorrer a um pleito
eleitoral devem ser igualmente julgados", sustentou.
A política também se manifestou contra a reforma política
aprovada no Congresso no ano passado, que, segundo ela, foi feita de uma forma
em que somente os partidos tradicionais, sejam de esquerda ou de direita,
possam governar o País, já que a eles serão destinados a maior parte do fundo
eleitoral e do tempo de TV. "Com o fundo eleitoral bilionário, esses
partidos sobreviverão independente de convencimento de quem quer ou não
contribuir com eles", avaliou.
Questionada se estaria a favor ou contra as medidas do
governo de Michel Temer, Marina disse que as reformas propostas por Temer foram
inviabilizadas por ele próprio, já que não foram discutidas com a sociedade.
"O presidente Temer não tem legitimidade ou credibilidade. Inclusive, ele
guarda no seio do seu governo, com foro privilegiado, seis pessoas que deveriam
estar sendo igualmente julgadas e punidas", reforçou.
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