A Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu hoje (20)
enviar ao plenário da Corte dois habeas corpus que tratam da
constitucionalidade da execução provisória de condenações após o fim dos
recursos na segunda instância da Justiça. A decisão dos ministros aumenta a pressão sobre a
presidente da Corte, ministra Cármen Lúcia, para que a questão seja levada ao
plenário. No mês passado, a ministra afirmou, durante um jantar com
empresários, que o assunto não será debatido novamente pelo pleno. A presidente
é responsável pela elaboração da pauta de julgamentos.
O envio da questão ao plenário foi sugerida durante
sessão da Segunda Turma do STF pelo ministro Edson Fachin, que pediu vista de
dois habeas corpus que tratam do tema. Ao votar nesta tarde, Fachin disse que há uma
controvérsia sobre o tema e a questão deve ser definida pela Corte nas duas
ações diretas de constitucionalidade (ADC), protocoladas pela Ordem dos
Advogados do Brasil (OAB), nas quais a prisão após segunda instância deve
discutida novamente. O entendimento do relator também foi acompanhado pelo
ministro Ricardo Lewandowski. “Entendo, como Vossa Excelência, que não é
conveniente que nós, em um órgão fracionado, fixemos um ponto de vista com
relação a esta questão, sobretudo quando a matéria está pendente de uma discussão
mais profundada por parte do plenário”, disse o ministro.
Já o decano no STF, ministro Celso de Mello, relembrou
que as duas ADCs foram liberadas para julgamento no final do ano passado pelo
ministro Marco Aurélio, relator. “Basta que a senhora presidente, no exercício
de seu poder de agenda, paute esses feitos, uma vez que o relator está em
condições de proferir seu voto, e é matéria da maior importância”. Embora os ministros tenham tratado das ações diretas
protocoladas pela OAB, a questão de fundo afeta a situação do ex-presidente
Luiz Inácio Lula da Silva. Há duas semanas, Fachin enviou para julgamento do
plenário da Corte um habeas corpus preventivo no qual da defesa do
ex-presidente tenta impedir eventual prisão após o fim dos recursos na segunda
instância da Justiça Federal. Não há previsão para Cármen Lúcia pautar o
processo.
O cenário atual na Corte é de impasse sobre a questão. Os
ministros Gilmar Mendes, Dias Toffoli, Rosa Weber, Ricardo Lewandowski, Marco
Aurélio e Celso de Mello são contra a execução imediata ou entendem que a
prisão poderia ocorrer após decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ). Já
os ministros Edson Fachin, Luís Roberto Barroso, Luiz Fux, Alexandre de Moraes
e a presidente, Cármen Lúcia, são a favor do cumprimento após a segunda
instância.
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