De acordo com o Ministério da Saúde brasileiro, no
período de 1º de julho de 2017 e 30 de janeiro deste ano, foram registrados 213
casos de febre amarela, sendo que 81 pessoas foram a óbito. No mesmo período do
ano passado (entre julho de 2016 e janeiro de 2017) foram 468 casos confirmados
da doença e 147 mortes. Atualmente, já foram notificados 1.080 casos
suspeitos, sendo que 432 foram descartados e 435 permanecem em investigação.
Apesar de ser a febre amarela silvestre – o vírus está circulando apenas em
ambientes de mata -, especialistas apontam que a reurbanização da doença é
iminente e os riscos de contaminação em massa nas cidades são altos.
“Temos mosquito que transmite o vírus da doença nas
cidades, como o Aedes aegypti. Se não houver o controle desse vetor, o risco da
febre amarela entrar nas cidades, diante do atual surto, é muito alto”, relata
Bernardino Alves Souto, docente do Departamento de Medicina (DMed) da
Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e líder do Grupo de Pesquisa
Clínica e Epidemiológica Aplicada em Ciências da Saúde. De acordo com o docente, “a febre amarela apresenta
surtos de vez em quando, principalmente em áreas de alta circulação viral, como
matas e seu entorno. A doença atinge uma população mais suscetível e o surto
acontece.
Depois as pessoas ficam imunizadas e o quadro fica mais
brando. No entanto, a intensidade do surto atual está muita alta, provavelmente
devido a um grande desequilíbrio ecológico que oportunizou a intensidade da
circulação viral em volta das matas, de onde a doença está vindo”. Alves Souto afirma que esse é o pior surto de febre
amarela já ocorrido no Brasil desde a década de 1930 e sua alta intensidade
pode provocar a reurbanização da doença. “Se vier uma pessoa com febre amarela
para São Carlos nos primeiros dias da doença, há risco dessa pessoa ser picada
pelo Aedes aegypti e contaminar esse mosquito. Uma vez contaminado, o mosquito
poderá transmitir o vírus da febre amarela a outras pessoas”, alerta o
pesquisador.
A vacinação contra a febre amarela é uma barreira
importante, principalmente nesse momento de forte surto, “mas só com ela não
vamos vencer essa guerra, ainda que possamos vencer uma primeira batalha. É
preciso investir no combate eficaz do mosquito transmissor, o que também vai
evitar outras doenças, como dengue, chikungunya e zika, que ameaçam novas
epidemias no Brasil”, afirma Alves Souto. Pesquisa recente realizada pela
Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), no Rio de Janeiro, comprovou o potencial de
transmissão do vírus da febre amarela pelo Aedes aegypti e também apontou para
a importância do combate aos criadouros do mosquito. “Por isso que combater os
mosquitos é primordial para evitarmos epidemias ainda mais desastrosas”,
reforça o professor da UFSCar.
De acordo com o Boletim Epidemiológico da Secretaria de
Vigilância em Saúde, do Ministério da Saúde, em 2017 (dados contabilizados até
o início de setembro), foram 219.040 casos de dengue notificados, sendo que a
maior incidência dos casos estava nas regiões Nordeste e Centro-Oeste. Foram
confirmados 88 óbitos causados pela doença no Brasil e outras 222 mortes estão
sob investigação para certificação da causa por dengue.
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