O último capítulo da Copa do Mundo da Rússia começará a
ser escrito neste domingo, às 12 horas (de Brasília), no estádio Luzhniki, em
Moscou, em uma trama que traz como protagonistas dois personagens cheios de
história. De um lado, a favorita seleção da França, campeã mundial pela
primeira vez em 1998 e que, desde então, tem marcado presença em decisões
importantes. Ao seu lado, os franceses contam com a experiência do técnico
Didier Deschamps, capitão do título de 20 anos atrás, além de uma geração jovem
e talentosa, com Mbappé, Griezmann e Pogba entre os destaques. Do outro lado,
aparece de forma surpreendente a Croácia, equipe que chega para a sua primeira
decisão de Mundial. Para isso, conta com o seu futebol coletivo e com suas
conhecidas armas, os craques Modric, Rakitic e Mandzukitic.
Em uma Copa do Mundo onde a força dos conjuntos das equipes
se sobressaiu aos talentos individuais, as seleções de França e Croácia chegam
à decisão deste domingo com justiça. Nas estatísticas da Fifa, os croatas
sofreram cinco gols contra quatro dos franceses, mas possuem o melhor sistema
defensivo (entende-se por sistema defensivo a capacidade de o time desarmar o
adversário): a seleção tomou a bola do adversário 272 vezes. Contudo, quem
lidera o número de desarmes no geral é um francês. O volante Kanté recuperou a
posse de bola nada menos do que 48 vezes para a sua seleção.
A Croácia possui o “motorzinho” da Copa do Mundo. O meia
Modric, tricampeão da Liga dos Campeões com o Real Madrid, já correu incríveis
63 quilômetros nos seis jogos da equipe, o que dá uma média de mais de 10 km
por partida. A França também tem o seu “fundista”. Trata-se mais uma vez de
Kanté, um dos dois jogadores da equipe a jogar os seis jogos do Mundial sem ser
substituído nenhuma vez (o outro é o zagueiro Raphael Varane). Kanté correu
62,7 quilômetros, apenas 300 metros a menos do que o rival, o que também o
deixa com média acima dos 10 km a cada jogo.
A seleção de Modric chega para a decisão com uma
sequência de três prorrogações disputadas e vencidas – nunca uma seleção havia
conseguido tal feito. Para isso, o técnico Zlatko Dalic fez o time trabalhar em
conjunto. Um exemplo foi o jogo contra a Inglaterra, onde a equipe fez um
péssimo primeiro tempo e depois, na segunda etapa e na prorrogação, sobrou em
campo. “Apenas pedi para os meus jogadores se divertirem. Depois do jogo, cada
um tem de olhar no olho do companheiro e saber que houve entrega máxima. Estou
orgulhoso de todos”, disse Zlatko.
A força psicológica também é uma arma croata e isso vem
de longe O país sempre foi o que mais cedeu jogadores aos grandes times
formados pela ex-Iugolávia, incluindo os craques Boban e Davor Sucker – o
artilheiro da Copa de 1998, aliás, é o presidente da Federação Croata de
Futebol. Com esse respaldo, a equipe entra em campo com força mental suficiente
para dominar as partidas – ou então buscar energia para reverter um placar.
Ao lado da França ainda corre mais uma estatística, essa
ligada a Didier Deschamps. Com oito vitórias em suas últimas 11 partidas à
frente da seleção, o técnico tem 73% de aproveitamento, o maior índice entre
todos os treinadores que trabalharam na Copa. Deschamps conhece seu elenco a
fundo e é capaz de tirar o melhor de cada jogador. Além disso, o grupo de
atletas já deixou claro que joga também por seu técnico, admirado por sua
humildade e trabalho em grupo.
Técnico da França que conquistou a Copa de 1998, Aimé
Jacquet falou ao diário francês Le Parisien sobre a personalidade do único
francês que pode se tornar bicampeão do mundo, uma vez como jogador e outra
como técnico. “Didier muitas vezes insiste na importância do grupo. Ele
entendeu que sozinhos, nesse ambiente, não vamos muito longe”, contou Jacquet.
“Se na sua mensagem você não tocar no coletivo, você perdeu. Não devemos nos
esquecer que ele sempre foi capitão por onde passou em sua carreira como
jogador. Ele era respeitado por todos porque ele respeitava todos. Ele ouvia os
seus companheiros antes de falar e sempre foi melhor do que qualquer um para
fazer isso”.
Caso conquiste o título, a França entrará para o seleto
grupo dos bicampeões mundiais, que conta com Uruguai e Argentina (última
seleção a atingir dois títulos ao vencer a Copa de 1986, no México). Além
disso, o técnico Didier Deschamps poderá ser mais um campeão mundial como
jogador e treinador. Até agora, apenas o brasileiro Zagallo (1958 e 1962 como
jogador e 1970 como técnico) e o alemão Franz Beckenbauer (1974 como jogador e
1990 como técnico) conseguiram tal feito – Zagallo ainda foi auxiliar de
Parreira na conquista do tetra do Brasil na Copa de 1994, nos Estados Unidos.
Não faz tanto tempo assim que o Mundial teve um campeão
inédito. Em 2010, a Espanha levou o seu primeiro título ao bater a Holanda. Se
vencer, a Croácia entra para esse grupo. França, Espanha e Inglaterra têm uma
conquista.
FICHA TÉCNICA
FRANÇA x CROÁCIA
FRANÇA –
Lloris; Pavard, Varane, Umtiti e Hernández; Pogba e Kanté; Mbappé, Griezmann e
Matuidi; Giroud. Técnico: Didier Deschamps
CROÁCIA –
Subasic; Vrsaljko, Lovren, Vida e Strinic; Rakitic e Brozovic; Rebic, Modric e
Pericic; Mandzukic. Técnico: Zlatko Dalic
ÁRBITRO – Néstor Pitana (Fifa/Argentina)
HORÁRIO – 12 horas (de Brasília)
LOCAL – Estádio Luzhniki, em Moscou (Rússia)
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