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domingo, 2 de março de 2025

🎞️ CINEMA - Dez razões para acreditar que o Brasil vai ganhar seu primeiro Oscar.

Neste domingo (2), o Brasil pode levar um Oscar pela primeira vez em pleno carnaval. "Ainda estou aqui" concorre a três categorias (Melhor Filme, Melhor Filme Internacional e Melhor Atriz) e tem chances significativas de vencer em pelo menos uma delas.

A edição de 2025 da premiação acontece em Los Angeles, a partir das 21h, com apresentação do comediante Conan O'Brien e transmissão ao vivo na TV Globo.

Abaixo, o g1 lista dez motivos para acreditar que "Ainda estou aqui" pode levar uma estatueta:

1. Campanha bem-feita
Não basta ser um bom filme para ganhar o Oscar. As obras indicadas precisam investir em boas campanhas, para garantir que os votantes assistam ao filme, entendam sua importância e saibam valorizar a qualidade dele.

Felizmente, a campanha de "Ainda estou aqui" foi impecável, sem espaço para polêmicas e com crescente valorização do filme. Desde a estreia do longa em Veneza, até entrevistas internacionais e elogios de estrelas como Jessica Chastain e Ariana Grande, o filme brasileiro ganhou força ao longo dessa temporada.

2. Crise de 'Emilia Pérez'
O maior concorrente de "Ainda estou aqui" é "Emilia Pérez", longa que teve 13 indicações ao Oscar. A princípio, o brasileiro teria poucas chances comparado a uma obra tão indicada - mas as polêmicas envolvendo o filme francês podem tê-lo prejudicado.

A principal delas, claro, é a crise devido aos posts de Karla Sofía Gascón. Publicações de teor racista e xenofóbico, feitas pela espanhola, colocaram a atriz no centro de um escândalo. Gascón foi afastada da campanha e criticada até por Jacques Audiard, diretor do filme.

Vale lembrar que "Emilia Pérez" já vinha em uma esteira de polêmicas, pela representação de mexicanos e a abordagem de assuntos como a transição de gênero. Ao todo, a situação da obra pode ter se complicado.

3. Carisma de Fernanda
Ao que depender do carisma de Fernanda Torres, o Brasil já é vencedor. A atriz chamou a atenção da imprensa internacional - e conquistou o carinho de colegas - com suas entrevistas bem-humoradas e postura elegante. Assim, ela pode ter conquistado votos de quem normalmente optaria por atrizes de Hollywood, mais conhecidas e consagradas por lá.

4. Vitória de Fernanda no Globo de Ouro
Das concorrentes à categoria de Melhor Atriz, vale lembrar que Demi Moore e Fernanda Torres venceram o Globo de Ouro deste ano. A brasileira ganhou a categoria de Melhor Atriz de Drama e a americana venceu a de Melhor Atriz de Comédia ou Musical. Ambos os prêmios costumam pesar na consideração dos votantes da Academia do Oscar — embora, vale lembrar, as premiações funcionem de forma diferente e não tenham conexão entre si. É o que mostra um levantamento analítico feito pelo g1.

A partir de 1950, a categoria de Melhor Atriz no Globo de Ouro passou a ser dividida entre Drama e Comédia ou Musical. Desde então:

O padrão é menos frequente para a categoria de Atriz de Comédia ou Musical. Entre as vencedoras do Globo de Ouro, somente 17 ganharam também o Oscar de Melhor Atriz.
Sendo assim, Fernanda teria vantagem sobre Demi Moore.

5. Derrota de Fernanda Montenegro
Não é novidade que os votantes do Oscar gostam das chamadas "narrativas", isto é, as histórias em torno de quem foi indicado. É o caso de Demi Moore, que tem a seu favor um histórico complicado em Hollywood e o fato de ser uma atriz veterana que nunca tinha vencido um prêmio antes de "A Substância". Mas Fernanda Torres também tem uma ótima narrativa.

A indicação da brasileira lembrou a todos da derrota de Fernanda Montenegro, indicada ao Oscar de Melhor Atriz em 1999 por "Central do Brasil". Imagina premiar a filha na mesma categoria, 26 anos após a derrota da mãe?

6. Oscar mais global
Na última década, o Oscar foi muito criticado por falta de inclusão e diversidade. Em 2016, surgiu a campanha #OscarsSoWhite, que criticava a falta de pessoas não brancas ou latinas entre as indicadas. E desde então, a Academia se comprometeu a investir na inclusão entre os membros - resultado visto na prática em 2020, com a vitória de "Parasita".

Por isso, longas como "Ainda estou aqui" - que não é somente um filme brasileiro, como uma história totalmente brasileira - têm bem mais chances hoje, com uma Academia mais preocupada com diversidade, que "Central do Brasil" teve em 1999.

7. Contexto do filme
O tema de "Ainda estou aqui" pode ser específico ao contexto brasileiro, mas a ditadura, o fascismo e a censura são assuntos muito discutidos atualmente. Neste momento em que a política americana está em pauta, "Ainda estou aqui" ganhou relevância para os estadunidenses.

"O que pareceu novo para mim — e intensamente inquietante — foi absorver um filme sobre uma repressão como essa e me perguntar se agora tinha o potencial de acontecer nos EUA. Senti como se fosse uma pergunta que nunca tive que me fazer antes", escreveu um crítico da "Variety".

8. Estreias nos EUA
"Ainda estou aqui" estreou nos Estados Unidos no dia 17 de janeiro, e ganhou mais salas de cinema na semana de votação final do Oscar, em fevereiro. O timing pode ajudar as chances do filme, visto que o burburinho em torno dele aumentou bem na época em que os votantes estavam se decidindo.

Foi em fevereiro, por exemplo, que o "New York Times" publicou que o filme era "habilmente trabalhado e ricamente filmado", enquanto a "Rolling Stone" escreveu, sobre Fernanda Torres, que "Ainda estou aqui" era "uma vitrine e tanto para uma estrela brasileira".

9. Uma história real
O brasileiro também ganha vantagem por ser baseado em uma história real, dramática e de relevância histórica. Esse é o tipo de filme - e atuação - que a Academia tende a preferir, enquanto musicais, comédias e filmes de terror nem sempre são valorizados pelo Oscar.

10. Filme conquistou nomes importantes
Até em uma premiação como o Oscar, o boca a boca faz diferença. E nessa campanha, "Ainda estou aqui" conquistou muitos membros importantes da Academia.

Selton Mello citou que foi elogiado por Sean Penn; o premiado diretor Alfonso Cuáron disse à "Variety" que "Ainda estou aqui" era o filme seu preferido de 2024; Jamie Lee Curtis chamou o filme de "obra-prima". Ao podcast "Dois Pontos", Rodrigo Teixeira, um dos produtores do filme brasileiro, disse que Martin Scorsese lhe escreveu um e-mail elogiando "Ainda estou aqui".

Se vários nomes respeitados da Academia elogiaram e votaram o filme, "Ainda estou aqui" pode chegar bem forte ao Oscar.

G1.com

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